Dentre os SUVs compactos, segmento que mais cresce em vendas no mundo, o 2008 sempre foi mais um crossover que um utilitário. Convenhamos, o modelo atual é quase uma perua com suspensão elevada! Talvez seja por isso que a Peugeot tenha decidido reposicionar a segunda geração do utilitário, colocando-a no topo da categoria em termos de tamanho, conteúdos e, possivelmente, de preço — os valores ainda não foram anunciados.
O novo 2008 estreia na Europa em janeiro do ano que vem. E o modelo interessa muito ao Brasil. Conforme Autoesporte revelou, o Peugeot será produzido na Argentina até 2020, na mesma fábrica da nova geração do 208, em Buenos Aires. Ele será uma opção superior ao atual 2008, que pode continuar em linha como um modelo de acesso.
O menu começa com o 1.2 PureTech em três faixas de potência (100 cv, 130 cv e 155 cv). É basicamente o mesmo motor usado pelo C3 e 208 atuais, mas com turbo e injeção direta. Isso poderia facilitar a adaptação ao modelo sul-americano — provavelmente só a versão mais potente, para substituir o 1.6 THP.
Na Europa, ainda há duas opções a diesel, o 1.5 BlueHDI (100 cv e 130 cv) e o inovador elétrico e-2008 (136 cv). O próximo 2008 será um dos poucos SUVs compactos a oferecer versão elétrica.
Mesmo que seja menor que o 1.6 THP, o 1.2 turbo de 155 cv faz um belo trabalho. A arrancada de zero a 100 km/h leva 8,9 segundos e a velocidade máxima chega a 206 km/h. Mais do que suficiente para a proposta de um SUV compacto, mas ainda atrás do Citroën C4 Cactus, primo do grupo PSA capaz de fazer o mesmo em 7,6 s. A vantagem do 1.2 está no baixo consumo: com gasolina pura, foram frugais 16,5 km/l.
As configurações menos potentes terão transmissão manual de seis velocidades, enquanto as mais potentes virão com uma caixa automática de oito marchas com borboletas no volante. O 2008 mantém a tração dianteira e não tem prevista uma versão 4x4. Mas o SUV continuará a dispor do Grip Control, sistema que ajusta a tração para diferentes terrenos, além do controle de velocidade em descidas.
Tal como na geração atual, o 2008 “nasce” do novo 208, que ganhou a arquitetura CMP, já pensada para acomodar o pacote de baterias da versão elétrica. Entretanto, o SUV possui diferenças em relação ao hatch.
A maior das modificações é o aumento da distância entre-eixos em 6,5 centímetros, totalizando 2,60 metros. O comprimento chega a 4,30 m — o 2008 atual tem 2,54 m de entre-eixos e 4,15 m de extensão. Isso o deixa próximo dos maiores SUVs do segmento. Como base de comparação, o Honda HR-V tem 4,29 metros (1 centímetro a menos) e 2,61 m de entre-eixos (1 centímetro a mais). Ambos são maiores que o líder Jeep Renegade, que conta com 4,23 m e 2,57 m.
O resultado é um claro acréscimo de espaço para as pernas dos passageiros na segunda fila, tanto face ao 208 como também em relação ao 2008 de primeira geração. Outro acréscimo importante está na capacidade do porta-malas, que subiu de 338 para 434 litros, disponibilizando agora um fundo falso ajustável em altura — o brasileiro tem 355 litros. Até nisso ele fica perto de um HR-V (437 litros).
Ainda na cabine, o painel é o mesmo do novo 208, mas, além dos plásticos macios na parte superior, é possível escolher materiais mais finos, como Alcantara ou Nappa, nas versões mais caras. A sensação de qualidade é muito superior ao acabamento de antes.
A gama segue com as conhecidas nomenclaturas. Os níveis de equipamento partem do Active, evoluem para Allure, GT Line e GT, com opção de som premium da marca Focal, navegação em tempo real e espelhamento para celular, além de quatro entradas USB.
As versões incluem o “i-Cockpit”, painel de instrumentos que passa a ter efeito tridimensional (3D) e traz as informações em camadas sobrepostas, quase como um holograma. Isso possibilita colocar em primeiro plano os dados mais relevantes a cada momento, reduzindo, assim, o tempo de reação do condutor.
A tela multimídia continua centralizada no topo, com teclas físicas em uma paleta inferior, seguindo o estilo do 3008. Mais abaixo, o console tem um compartimento fechado onde está o carregador de celular por indução (sem fio) — o aparelho fica escondido. A tampa abre 180 graus e forma uma bandeja. Há ainda porta-objetos no baú entre os bancos (que serve de descansa-braço) e nos bolsões das portas.
O design do novo 2008 é claramente inspirado no irmão 3008, com as colunas dianteiras recuadas que deixam o capô mais longo e plano, o que realça a silhueta de SUV — nada de parecer um crossover! O aspecto está bem mais atlético, no que ajudam as rodas de liga leve aro 18, que valorizam o contorno acentuado dos para-lamas. A grade dianteira tem posição bem vertical e é valorizada pelo visual tridimensional.
Já o teto pintado de preto ajuda a fugir do jeitão “quadrado” de outros SUVs e faz o 2008 parecer mais baixo e esguio. Para garantir a familiaridade com os Peugeot mais recentes, lá estão os faróis e as estilosas lanternas no estilo “garra do leão”, com três seções verticais de LEDs unidas em uma moldura preta que atravessa a tampa.
O resultado aproxima o 2008 do 3008 e abre espaço para, quem sabe, criar um SUV menor no futuro para competir com o Volkswagen T-Cross europeu.
Primeiras impressões
No circuito do complexo de Mortefontaine estavam disponíveis para teste duas versões do novo 2008, com o motor 1.2 PureTech de 130 cv e o de 155 cv. O primeiro trazia a caixa manual de seis velocidades e começou por agradar pela posição de dirigir, mais alta, e pela melhor visibilidade, devido à menor inclinação das colunas dianteiras.
A ergonomia é ótima, no que contribuem os bancos mais confortáveis. O posicionamento correto do novo volante (que é quase idêntico ao do 3008) e da alavanca do câmbio dá uma boa ajuda. A leitura do painel de instrumentos também é correta.
O motor de 130 cv mostrou desempenho bem adaptado para o uso familiar, não sofrendo muito com os 70 kg a mais que o 2008 tem em relação ao 208. O tricilíndrico é bem isolado da cabine, e a transmissão manual entrega uma condução tranquila.
A direção e o volante dão um temperamento ágil, a despeito do centro de gravidade mais alto. A inclinação lateral em curva não pareceu exagerada, e as ligeiras imperfeições do piso (especialmente na parte mais castigada do circuito) não incomodaram a estabilidade e o conforto a bordo. As unidades que aceleramos eram protótipos e, por isso, o teste foi curtinho — será preciso esperar o final do ano para fazer um teste mais longo.
Passando à versão de 155 cv com câmbio automático de oito marchas, nota-se uma ferocidade maior, com acelerações mais rápidas. É claramente uma mecânica mais agradável, que permite explorar mais as capacidades da plataforma CMP.
A nova arquitetura global da marca francesa é bastante estável em curvas rápidas e faz o utilitário apontar com grande apetite. Há um botão para escolher entre três modos de condução (Eco/Normal/Sport), que possuem diferenças notáveis, sobretudo no acelerador.
A nova plataforma não só melhorou a dinâmica como evoluiu para incluir os modernos sistemas de assistência à condução. Há, por exemplo, assistente de manutenção ativa de faixa com alerta, controle de cruzeiro adaptativo com Stop&Go, assistente de manobra, frenagem autônoma de emergência com detector de pedestres e ciclistas, monitor de fadiga do condutor, reconhecimento de sinais de trânsito e monitor de ponto cego.
Ainda não pudemos testar o e-2008, a inédita versão elétrica que usa o mesmo sistema do e-208. O SUV traz uma bateria de 50 kWh montada em “H” sob os bancos dianteiros, o túnel central e o banco traseiro, com autonomia para 310 km — 30 km a menos que no e-208.
Confira abaixo o teste em vídeo da linha 2020 do atual Peugeot 2008 brasileiro:
Teste: novo Peugeot 2008 cresce e tem qualidades para enfrentar Renegade e HR-V
A recarga completa em tomada doméstica demora 16h, mas uma wallbox de 7,4 kWh baixa o tempo para 8 horas. Já em um carregador rápido de 100 kWh, bastam 30 minutos para atingir 80% da bateria. O condutor pode escolher entre dois modos de regeneração e três modos de condução, com diferentes potências. A máxima é de 136 cv e 26,5 kgfm.
O e-2008 chega às lojas no início de 2020, pouco depois das versões a combustão. Mas mesmo sem acelerar o elétrico, posso dizer que a Peugeot fez as mudanças certas no 2008. A pretensão de alçá-lo ao topo dos SUVs compactos parece possível.
Ficha técnica
Motor
Dianteiro, transversal, 1.2, 12 válvulas, 3 cilindros em linha, injeção direta de gasolina, turbo
Potência
155 cv a 5.500 rpm
Torque
24,4 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio
Automático sequencial de 8 marchas; tração dianteira
Direção
Elétrica
Suspensão
Independente McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios
Discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.)
Pneus e rodas
215/55 R18
Dimensões
Comprimento: 4,30 m
Largura: 1,77 m
Altura: 1,53 m
Entre-eixos: 2,60 m
Tanque
N/D
Porta-malas
434 litros
Peso
1.205 kg
Desempenho*
Aceleração 0-100 km/h
8,9 segundos
Velocidade máxima
206 km/h
Consumo combinado
16,5 km/l
*Dados do fabricante
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